Se dizem que de grão em grão se vai a um milhão... eu, sem
medo de errar, digo que de pesca em
pesca se vai ao êxtase, é aquele encontro único, pessoal e intransferível ... embora
eu pesque há muito tempo, sempre que me deparo com a organização de uma nova
viagem, logo de uma nova pesca, é como se tudo fosse novo, porque de fato é,
tudo se renova... eu, a minha pescaria, enfim, essa represa também já não é
mais a mesma...seguindo sua “existência” branda, morna, melancólica, cenário de
um horrível desastre ambiental de anos atrás ... abrigando, entre outros, o
majestoso Tucunaré... reinando na sua inigualável e inconfundível maneira peculiar
de caçar... protetor, “caseiro”... fielmente alia-se a sua fêmea e reina...esplendoroso!!!!!
A REPRESA
A Usina Hidrelétrica de Balbina está localizada no rio Uatumã (Bacia
Amazônica), município brasileiro de Presidente Figueiredo, precisamente no
distrito de Balbina, no estado do (Amazonas. Cada uma das 5 unidades geradoras
tem capacidade de geração de até 55 MW de energia elétrica, totalizando 275 MW.
Inaugurada no final da década de 1980, a usina é citada como um erro
histórico por cientistas e gestores pela baixa geração em relação à área
alagada, e pelas conseqüências disso. Balbina é apontada como problemática
também no que diz respeito à emissão de gases de efeito estufa, considerados
causadores do aquecimento global, a liberação de dióxido de carbono e metano é
superior à de uma usina térmica de mesmo potencial energético.
E foi justamente esta grande geração de gás metano que deu origem ao
segundo desastre ecológico na região. Em 1994 o reservatório foi esvaziado em
função de grande pressão dos ambientalistas (como se esvaziar o reservatório
pudesse desfazer o erro inicial) e esse ato insano gerou três conseqüências
sérias; Primeiro a mortandade de milhões de peixes, incluindo é claro os
Tucunarés que naquela época passavam de 5 kg fácil em qualquer pescaria
A segunda conseqüência foi expor todo este gás metano em plena
atmosfera. O gás é gerado pela decomposição de matéria orgânica da floresta
alagada, que antes do esvaziamento, era contido pelo espelho d’água.
Com isso foi gerada uma equação perigosa, Metano no ar + Madeira e
Matéria orgânica abundante + Grande incidência de raios = Combustão.
E foi essa justamente a terceira conseqüência , um grande incêndio que
dizimou o que restou de floresta sobrevivente no espelho d’água, gerando uma
paisagem ao mesmo tempo bonita e desoladora.
Após esta catástrofe o lago foi cheio novamente e aos poucos os
Tucunarés voltaram, mas nunca mais com o tamanho que existiam no passado. Este
verdadeiro desastre ecológico nunca foi noticiado ou divulgado no restante do
Brasil o que mostra o descaso da época com esta parte nem tão remota assim,
PESCARIA
Represa de Balbina... aqui fui eu... e dessa vez, de tanto
falar das maravilhas do lugar, carreguei comigo, além de toda a minha tralha,
mais 9 amigos pescadores e clientes da loja Trairão, apaixonados pela pesca
esportiva. Represa de Balbina, situada à
185 km de Manaus, lugar magnífico, um templo sagrado, onde toda a natureza se
torna uma só: homem/natureza – natureza/homem... ao contrário das pousadas de
pesca do qual estou acostumado, a Ilha do Jeff, nos proporciona algo inversamente diferente:
lá não nos deparamos com ar condicionado, sinal de internet, chuveiro elétrico e
televisão. Para muitos, tais “faltas” seria tido como algo negativo. Já para
mim, não se trata de falta...porque naquele exato momento em que estou
desconectado de todas essas modernidades, vou de encontro ao “sinal” mais cheio
de mim mesmo...se trata de uma conexão ímpar, confiável, que não acaba.
Depois de uma longa viagem chegamos na ilha do Jeff as 4 da
manha e com o café se iniciando as 5:30, alguns conseguiram dar um cochilo , já
eu, com minha ansiedade fiquei afiando as garatéias esperando o grande momento.
A pesca desta vez foi mais difícil devido as condições do
lago estarem adversas , onde era época de lago cheio (setembro) nos deparamos
com a represa em um nível atípico ( muito baixo do esperado) com isso percebi
que os peixes forrageiros eram presas fáceis para os bocudos tornando-os saciados
e “manhosos” na gíria do pescador.Mesmo assim
enfrentamos , com pinchos incansáveis durante os três dias de pesca saíram bons
exemplares e algumas aruanãs, em alguns casos nos surpreendemos com
estouros de linha e abertura das garatéias.Acho o tucunaré de balbina, que chega no máximo a 6 kgs, em sua proporção
por peso é um dos mais fortes do Brasil, alguns dizem que é o Açu , mas
pertencem a espécie Ciclha Vazolleri . As iscas que mais fizeram sucesso foram as de 8 ate no máximo 12 cm, tendo um destaque especial às de superfície poppers e sticks.
A pesca era interrompida pelo almoço na ilha do Aderbal, um
sujeito muito humilde e hospitaleiro, daqueles amigos que parecem de outras
vidas,ótimo cozinheiro e contador de historias Lá era o momento de interação
da manha de pesca , cada um com seu caso que, de pescador para pescador, nunca
é mentira e se fantasia na mente de quem ouve.
No meu caso, pegar o peixe propriamente dito em balbina já se tornou secundário de tantos amigos que me acompanham e que formei naquele paraíso. Conselho: Esqueça suas contas , em que lugar seu time de futebol está, o ultimo capitulo da novela e desconecte seu smartfone, pois você esta CONECTADO no meio da selva Amazonica , BALBINA!
DICAS
Ao mesmo tempo que o sol é escaldante , sempre há chuvas inconstantes então é bom levar protetor, roupas com proteção UV e capa de chuva. Pela muitas estruturas existentes , a navegação se torna perigosa e sempre é bom ficar de colete salva vidas.Nos arremessos , não se preocupe muito com a margem , pois la, identifiquei que os grandes exemplares gostam de ficar nos troncos maiores em casal perto ou depois do drop. Iscas de barbelas muito longas , jig e shads nao funcionam pois la é relativamente raso e com muita pauleira que é suscetível a enrosco constante.As varas utilizadas são de 12 a 20 lbs e de 5'6 a 6'0 pés equipadas com carretilhas de perfil baixo e linha de 40 lbs com líder de flourcarbono de 40lbs.
Boas pescarias
Diogo Pimentel
Diogo Pimentel