sexta-feira, 22 de março de 2013

ITAPARÁ JAN/13


 
   Se eu tivesse que descrever a minha vida em uma única letra, sem dúvida alguma, seria a letra "P". P de Pescador, de Pesca, de Pescaria, de Peixe; P de Paixão, de Passeio, de Prazer; P de Pai, de Proteção, de Parceria; P de Paciência, de Paz. E foi, nesse clima de "Puxa, Precisamos Pescar!" que decidimos, meu pai (Alvaro)e eu, fazer a nossa viagem de férias com destino à Roraima. Aliar a minha paixão pela pescaria com a beleza do lugar e estando na companhia de meu pai, não poderia haver Presente maior para mim!

    Estava precisando tirar uns dias de folga. Em meio a vida corrida e agitada que levamos, nada mais justo e coerente que ausentarmo-nos um pouco do maçante cotidiano que não raro nos devora. Entre algumas opções, Roraima foi o lugar escolhido.Liguei para dois amigos pescadores , Robson ( robinho) e David ( trairinha) que me deram todo o suporte e referencia da pousada, do rio e das tecnicas de pesca , pois tinham experimentados seus pinchos três meses antes do acontecido.Nos acompanharam nessa aventura dois grandes pescadores esportivos Baltazar e Luccas , pai e filho respectivamente. Confesso que eu estava um pouco apreensivo, pois nunca tinha ido para lá. Dizem que o melhor da coisa - de qualquer coisa - é esperar por ela. Posso dizer sem medo de errar que valeu a pena cada segundo ansiosamente esperado.

    A Pescaria

    Roraima é um lugar lindo e de beleza ímpar.  Um fato curioso é que a linha do Equador corta o estado , o que, para mim, foi um privilégio, pois me permitiu pescar, ora no Hesmifério Sul, ora no Hemisfério Norte. Pescamos no rio Itapará, afluente do Rio Branco, onde não há acesso terrestre. Afirmo até o presente momento: é o rio mais lindo que já vi! Em época de seca, várias praias se formam. A água é límpida, transparente e tive, por várias vezes, célebres acompanhantes, tais como Boto e Jacaré Açu. Tamanha é a variedade de fauna e flora do local, um encantamento sem igual.


    Ficamos instalados na Pousada Itapará, com capacidade para acomodar vinte pescadores , com uma equipe receptiva e guias experientes e , principal,  com a exclusividade em ser a única que tem permissão para a prática da pesca no  local. Pesca Esportiva (pescar e soltar). Vale lembrar que o objetivo do pescador esportivo  não é agredir a natureza tampouco transgredir as suas regras e sim se integrar a ela.  
   
    Logo cedo, na saída  do primeiro dia de pesca identifiquei o rio medindo 1,4 metros na frente da pousada ,isso  me informava sinais promissores de encontrar muitos peixes. Nos primeiros pinchos , em fase de adaptação, experimentei diversas iscas e percebi que os peixes estavam ativos na superfície .Entrei em Extasê. Como todo pescador esportivo fissurado, emocionado e persistente logo pensei: HÉLICE NELES!
E assim foi cerca de 90 % dos meus pinchos e confesso , valeu a pena o esforço físico , pois a natureza agressiva do Tucunaré  me proporcionou cenas únicas e impagáveis.
   Durante os cinco dias e meio de pescaria surpresas inusitadas foram acontecendo e , em resumo, pegamos muitos Açús de 5 a 7 kilos , mas era notável a quantidade de pacas de 3 a 5 kilos. Fiquei emocionado e satisfeito em ver meu pai se divertindo nas ressacas do rio no meio dos cardumes. Pescaria Pai e Filho , quase Poética!


      Alvaro
 Diogo
 Luccas

 Meu parceiro em todas as ocasiões.

Baltazar



     Essa conexão com a natureza não só me renova as energias como me faz exercer o que de mais precioso possuímos: o sentir. Sentir é um verbo que se conjuga pra dentro. É pessoal e intransferível. Eu sinto, tu sentes, ele sente... cada um a sua maneira, cada qual ao seu modo.

     Pescar é pra mim como respirar: natural e necessário. Não concebo a vida - a minha vida - sem esse contato direto com a pescaria e com tudo o que a cerca: minha tralha, minhas varas, minhas iscas, meu eu genuíno. Um barco à deriva, assim eu seria caso não pudesse explorar esse mundo submerso repleto de desafios, encantos e revelações. Pesco, logo existo!
Pesque & Solte SEMPRE

     Muita gente diz que adora viajar, mas depois que volta só recorda das coisas que deram errado. Sendo viajar um convite ao imprevisto, lógico que algumas coisas darão errado, faz parte do pacote. Desde coisas ingratas, como a perda de uma conexão ou ter a mala extraviada, até xaropices menos relevantes, como ficar na última fila da plateia do musical ou um garçom mal-humorado não entender o seu pedido. Ainda assim, é preciso abrir bem os olhos e ver onde se está. Poderia ser pior, não poderia?

      É muito bacana passar um tempo num lugar diferente do qual se está acostumado e adquirir hábitos comuns aos nativos para se sentir mais próximo da cultura local, mas quem pode fazer essas imersões com frequência? Na maior parte das vezes, somos turistas mesmo: estamos com um pé lá e outro cá. Então, estando lá, que nos rendamos ao inesperado, ao sublime, ao belo. Nada adianta levar o corpo pra pescar se a alma não sai de casa.

     Meu pai e eu já estamos Pensando na Próxima!  Olha o "P" aí de novo!